terça-feira, 30 de setembro de 2008

BRAIN CELL Nº 719
Não sei exactamente como hei-de classificar esta originalíssima publicação, se é que se pode considerar, sequer, uma publicação. Habituados que estamos às classificações e a colocar tudo em cacifos pré-organizados, esta obra (pelo menos acho que a posso designar assim) escapa a tudo o que tenho visto ao longo destes 35 anos de actividade criativa.
BRAIN CELL é editada com intervalos de 8 a 12 dias, vai na edição 719 e é constituída por uma folha A-3 impressa por um processo que à primeira vista parece serigráfico, mas será certamente uma electrografia (embora não seja uma tradicional fotocópia a cores), com uma tiragem de 130/150 exemplares normalmente numerados e assinados.
É constituída por endereços, fotografias, logótipos, desenhos, carimbos e por colagens de pequenas tiragens em papel enviadas pelos colaboradores. Este material é trabalhado criativamente pelo Ryosuke Cohen, o autor da façanha, e é depois enviado aos participantes (cerca de 50 por cada edição), publicações em vários países e até para exposições internacionais.
Quando em 1987 organizei o 1º Festival Internacional de Poesia Viva no Museu Municipal Dr. Santos Rocha, na Figueira da Foz, a participação do Ryosuke Cohen (artista de Osaka) consistiu numa instalação com mais de duas dezenas de edições de BRAIN CELL.
Daí para cá tenho participado em vários números desta aventura, que é igualmente de louvar pela longevidade e regularidade com que o artista/editor a produz.
Na imagem, um pormenor da edição Nº 719.

sábado, 27 de setembro de 2008

LUMINĂ LINĂ
LUMINĂ LINĂ / GRACIOUS LIGHT – Ano XIII Nº 1 é uma revista de cultura romena publicada em New York, escrita praticamente toda em romeno (excepto a peça de teatro de Gheorghe Ciprian).
Tem 160 páginas e apresenta para além da peça referida, teoria, história, prosa, crónica literária, reportagens, textos de opinião, críticas de livros, estudos sobre a cultura romena, e a secção “Universalia” onde apresenta poemas de 4 autores estrangeiros: Wislawa Szymborska (Polónia), vaghea Mihani-Steryu (Macedónia), Alex Amália Câlin (?) e dois poemas meus traduzidos pela professora Elena Liliana Popescu a partir da versão espanhola do poeta Manuel Moya e do tradutor colombiano Carlos Ciro.
Elena Liliana Popescu publicou o ano passado o livro de poemas “Cât de Aproape…/Lo Cerca que Estabas…”, em romeno e em castelhano pela Editura Pelerin, de Bucareste.
Como a língua romena tem algumas semelhanças com a nossa, não resisto a transcrever aqui um dos poemas publicados - “O Dedo”.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

SULSCRITO Nº 2
Editada pelo Círculo Literário do Algarve, em Faro, sob a direcção de Fernando Esteves Pinto, João Bentes e de Pedro Afonso, saiu o segundo número da revista de literatura Sulscrito.
Constituída pelo dossier “Palavra Ibérica” com Diana Almeida, António Orihuela, Miguel Godinho, Cármen Camacho e Luís Filipe Cristóvão, entre outros, e dando destaque aos vencedores do “Prémio Internacional de Poesia Palavra Ibérica 2008”, Amadeu Baptista e Rafael Camarasa, a revista publica essencialmente poesia, um ensaio de Miguel Real e alguns contos.
Entre os restantes participantes estão Eduardo Halfon, Rui Dias Simão, Agustín Calvo Galán, Rodrigo Miragaia (com dois excelentes textos), Fernando Aguiar, José Emílio-Nelson, Rui Costa, José Luís Tavares e Maria do Rosário Pedreira. De destacar a bonita foto da contracapa de Paula Ferro. Para contactos: sulscrito@yahoo.com
O POSSÍVEL DA MEDIDA
Retocar
a seiva
do verbo.

Reflectir
no oculto
da face.

Retirar
o sentido
da rima.

Reservar
o rebordo
da espera

Remeter
à farsa
da fala.
Recear
o toque
no seio.
Reportar
ao trauma
do signo.

Restringir
na proporção
do medo.

Requerer
o oposto
da questão.
E repesar
o possível
da medida.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

OUSTE Nº 16
CRÉATION ET EXAGÉRATION
Editado pelas associações Féroce Marquise e Dernier Télégramme sob a direcção de Hervé Brunaux, saiu o último número da revista francesa OUSTE, de Périgueux, com uma bonita capa de Robert Combas.
São 100 páginas repletas de poemas, contos, fotografias e inúmeros poemas visuais, de autores como Clemente Padin, Alexandra Sá, Julien Blaine, Giovanni Fontana, Démosthène Agrafiotis, Lucien Suel, Quentin Pérochon, Jean-Luc Parant, Jean-Jacques Lebel, Michèle Métail, Thierry Tillier e Arianne Dreyfus, entre muitos outros.
A minha participação nesta OUSTE é com um poema visual feito em colaboração com Pete Spence, e que foi publicado pela primeira vez no livro “INSPISSATIONS”, editado em 1996 pelo Pete em Victoria, na Austrália, numa pequena tiragem, onde incluímos uma dezena de trabalhos feitos em conjunto.
Hervé Bruneaux é igualmente o organizador do Festival EXPOÉSIE, que se tem realizado nos últimos 7 anos na bonita e acolhedora cidade de Périgueux (participei na 1ª edição em 2002), no qual durante uma semana mais de 50 poetas e artistas apresentaram leituras e performances poéticas, música, vídeos, exposições e onde se realizou também uma feira do livro de revistas literárias e de arte.

Pete Spencer & Fernando Aguiar, "Inspissations", 1996